domingo, 22 de julho de 2007

Agaphantos




No jardim de Monet estive, por ti,
a apreciar-lhe os agapantos garbosos.
Ao vê-los, porém, mal os reconheci.
Bem poderiam ser outros. Tão viçosos!

O que teria ocorrido? Era o que eu pensava...
Mantido está o cenário... Tudo igual no jardim...
E enquanto o olhar cuidadosamente rastreava
Entendi que a mudança tinha ocorrido em mim.

E eu gargalhei, tamanho foi o meu espanto,
ao perceber que o que eu imaginava ver em ti
era o que vislumbrava, ali, em cada agapanto...

As hastes determinadas, erguendo-se flexíveis,
num floral tributo ao mais forte amor que existe:
o amor a si... Pois é somente assim que possíveis

... se tornam todos os demais “amores”.

Não consegui definir, de pronto, o que sentia...
Inflamei-me de algo, a pulular-me aqui e ali...
Parecia, no início, uma intensa alegria...
mas era mais, muito mais. Logo entendi.

Era orgulho, imenso e intenso. Me preenchia...
Infundia-se, irradiava-se a cada inspiração.
Não duvidava de ti, no fundo eu sabia...
Só não esperava tão breve realização.

Ponho-me, agora, a imaginar-te pleno,
feliz por ter-se havido a vida, a soberania
e a estima, a tua própria e a dos em torno,

agregando ao que escolheu chamar L' Héritier
de agapanthus, o brilho desse júbilo – teu amor
florescente –, no jardim pincelado por Monet.



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