domingo, 22 de julho de 2007

Há mar




Mar sereno em vaga
sinfonia do vai-e-vem,
nostalgia do leva-e-traz.
Incessante ir,
que nem sempre leva.
Torturante vir,
que nem sempre traz.

O olhar, inquieto, indaga
às ondas murmurantes:
o que está por vir?

Na imprecisa sintonia
das ondas reticentes
a razão, confusa, divaga.

Mar sereno avança,
anoitecendo
em nostálgica sinfonia.
Incessante ir,
que nem sempre traz.
Torturante vir,
que nem sempre leva.

Vagas sombras
rondam a noite
em ondas de melancolia.

Sombras dos sulcos
que a vida traça
ao escorrer em fios.

Melancolia avança
embalada
em sinfônica nostalgia.
Incessante ir,
quase nunca leva.
Torturante vir,
quase nunca traz.

Sombras de imagens
que o dia aloja
nas ondas do córtex.

Imagens e rostos
que a vida enruga
no fluir dos dias.



Escuridão avança.
Mais um dia se foi.
E a vida se esvai.
Incessante ir,
quase nunca traz.
Torturante vir,
quase nunca leva.

Por onde navegas, coração?
Ao sabor de ondas,
num leva-e-traz em vão?

Manhã vem, em neblina.
E Ilumina, lenta e calmamente,
o mar, que recua sereno.
Incessante vai-e-vem
Torturante leva-e-traz.

Ao sabor das ondas
que levam e trazem (em vão?),
coração navega alheio
ao vai-e-vem do olhar
ao leva-e-traz da razão.

Com a vaga impressão
de ser novo...
De novo...



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